Para começar tem um grande orgulho no apelido que tem, o qual diz tudo. Foram donos de quase metade das terras do concelho. E o concelho é grande. Mas a história dos Camponezes fica para o blog dos Camponezes. Agora vou voltar ao assunto que aqui me trouxe, um pequeno almoço de férias na terra.
Ora o Camponez é daquelas pessoas que ama a sua terra natal. Mas ama mesmo. E tem prazer em lá ir visitar a familia e os conterraneos. E como é uma pessoa que já deu muito à terra (ora cá está mais um assunto a ser desenvolvido no tal blog de que falei...), é muito querido pelas pessoas que o viram crescer e se divertiram com ele. Pode-se dizer que é uma pessoa eclética. E crítica. Muito crítica. Subtilmente crítica. Humoristicamente crítica. Adoravelmente crítica. Querem ver como? Começemos por um simples pequeno almoço. A parte relativamente à cidade fica para o tal blog...
Já se contam alguns anos desde que o acompanho nestes pequenos almoços e noutras aventuras, porque somos os verdadeiros companheiros da caturrice, e quando nos dá para criticar, construtivamente, claro, somos piores que os velhinhos dos Marretas. Mas é de manhã, ao pequeno almoço, que o Camponez atinge o pico em matéria de relações publicas e humor sarcástico. Isto porque não se toma o pequeno almoço em casa. Ah sim! Já não basta andar com a mala térmica atrás o dia inteiro para o almoço e lanche, quanto mais agora o pequeno almoço. E não é da crise...são hábitos que se adquiriram muito antes dela...na Holanda!
Vou fazer o discurso indirecto deste senhor que aqui está sentado...
Saimos de casa por volta das 11. Não se vai à Pastelaria 5 de Outubro porque está repleta de bêbados e tem uma "godzila" à porta. Eu explico. Os bêbados que lá estão foram todos seus colegas de escola, da primária, mas as voltas que deram de lá até agora fez com que se entregassem ao vinho e à "bjeca". Têm todos um aspecto de sessenta anos, e sem dentes. Falam-lhe todos e alguns pedem-me um euro para o copo do meio dia. A "godzila" …é uma lontra ressabiada, dona do prédio onde está localizada a pastelaria, com ar de "camionista", mal cheirosa, feia, e pior que tudo, mal-criada. No inicio do ano descompôs o Camponez por ter deixado o carro meia dúzia de minutos à frente a metade do portão dela. A mulher dispara de dentro da pastelaria e arrasou-o! Uma verdadeira cena de alguidar. É muito ressabiamento...O que ela queria sei eu…coitada…gorda!!!! E agora desde que ele lá aparece comigo, a "godzila" ainda fica mais danada! Olha-me de lado...só rir! Por isso a pastelaria 5 de Outubro é de evitar. Vamos à Costa de Prata, a pastelaria da esquina oposta à 5 de Outubro. Eu tenho pena porque todo o recheio potencialmente super-glicémico da 5 de Outubro é de longe muito superior ao da Costa de Prata...mas compreende-se! E a afluência de pessoas é mais variada, gira, engraçada, sei lá!
Estamos então na Costa de Prata. Vai começar a odeisseia de cumprimentos ao Camponez. Mas também há aqueles que o conhecem mas não se atrevem a dirigir-lhe a palavra...algures no tempo não tiveram um comportmento desejável e o Camponez corta e corta mesmo! Ah Carneiro...Lol.
A primeira a chegar é a senhora da bicicleta Orbita azul turquesa. Esta:
Passado um bocado aparece outra senhora. A tia do Camponez. Irmã do pai do próprio. A senhora tem perto de noventa anos. E ainda canta, e bem. De imediato o Camponez e ela cantam uma canção antiga. De repente o Camponez repara no dedo da tia e vê um anel com uma foto minuscula. É a foto do defunto marido da senhora. A senhora diz que se sente mais livre e que sai mais de casa após a morte do marido. Quando a senhora se vai embora ele comenta "É incrivel, a minha tia foi tão mal tratada pelo marido e ainda traz a foto dele no dedo. É para não ser criticada...". A moral e os bons costumes portugueses...é como ir à missa...uma verdadeira fogueira de vaidades.
Logo de seguida passa outra senhora, a Mari Té! Uma prima do Camponez. Onze filhos, todos vivos, viúva. Nenhum filho a procura. De manhã está sóbria mas de tarde...a bicicleta vai aos SSSS! Olha para mim e diz que eu sou a filha dela, a Paula. Só acertou no nome! De repente começa a contar a mesma história de sempre...uma partilha mal feita entre ela e o irmão e a história da fotografia roubada...um trauma para a senhora. Uma figura. Mari Té porque as pessoas que faziam coisas que mais niguém fazia eram chamadas de "olha aquela é mesmo tété!".
Ao mesmo tempo entra no café o senhor que levou com um martelo na cabeça e ficou sem pescoço. Talvez seja por isso que vem sempre a falar ao telemovel, em frente à boca, em alta voz, mas baixinho. Vem num mercedes e tem figura de mafioso. É o irmão de um outro senhor que fez umas malvadezes a um familiar...ambos uns verdadeiros cromos. É dos que não falam ao Camponez porque o Camponez nem sequer lhes dá hipótese. Mas agora não me lembro bem porquê...eu depois actualizo !!!!
Do prédio da esquina oposta sai uma bicicleta. Nela vem pendurado o senhor da óstia e que o Camponez expulsou lá de casa. Porque o senhor tinha um comportamento menos próprio quando ía dar a óstia à mãe do Camponez, a senhora Dulcina (RIP), não com a senhora, mas com o Camponez. E um belo dia o Camponez fartou-se e, ante a admiração estupefacta de todas as senhoras presentes na omilia, o Camponez, entra por ali adentro e pergunta se não haveria mais ninguém para ir dar a óstia a sua mãe. O senhor disse que sim, admirado, e o Camponez disse "então a partir de hoje você não entra mais nesta casa!". O homem meteu o rabinho entre as pernas, as senhoras não vocifraram uma silaba sequer e a partir desse dia foi uma senhora que passou a ir dar a óstia à senhora Dulcina. Mai´nada. Claro que este é outro que nem se atreve a olhar para o Camponez, quanto mais a cumprimentá-lo.
Lá dentro estava a Cláudia Perpétua a beber café com umas pessoas. Ai...meu Deus...uma longa história. Mais precisamente, 30 anos de história. Mas que acabou estupidamente mal. O que é certo é que passados doze anos de comunicação interrompida, a Cláudia diz "Bom dia Mário". E o Camponez responde, admirado. Mas não passa daí. E diz "temos pena, mas não vale a pena voltar atrás!".
De repente chega uma familia, com um menino de 10 anitos, de olhos azuis, e um sorriso de orelha a orelha a olhar para o Camponez. Ahhh é o menino que nós vimos na casa da Agustinha Galvão acompanhado da avó que conhecia o Camponez de pequeno. O menino já tinha o Camponez adicionado no facebook e veio-se a saber que afinal a familia residia num apartamento do prédio em frente à casa do Camponez. A mãe do menino adora a musica que o Camponez põe a tocar em alto som, para alegrar a rua, que parece deserta. Parece uma cena dos discos pedidos.
Ao nosso lado senta-se a professora de dactilografia do secundário. Muito simpática. Uma verdadeira chaminé. Já deve estar reformada. Daquelas reforma de quase 3000 euros que já ninguém nesta profissão vai ter. Uma querida.
No meio disto tudo, que acontece num espeço temporal reduzido, uns 20 a 25 minutos, ouvem-se as conversas quase todas. E estas conversas vêm das novas gerações das familias dos suburbios de Cantanhede que decidiram ir viver para o centro da cidade para armar ao pingarelho. Mas como não se mudam os genes assim dum dia pró outro, o barulho que essas pessoas fazem a falar parece o som dos feirantes em dia de Feira de São Mateus, que já agora, diga-se de passagem, é girissimo e muito castiço, e é em meados de Setembro.
Como podem ver a pastelaria A Costa de Prata é um verdadeiro centro cosmopolita. E claro que ainda faltam muitas personagens que me escqueci de referir. Mas é muito mais giro ouvi-lo a relatar as histórias deste e daquele. Para a próxima levo uma mini gravador para não perder nem uma silaba!
Et voilá! É assim que começa o dia! Ainda há muito para dizer mas fica para o outro blog! E promete!
;-)
ps: peço muita desculpa mas não consigo escrever de acordo com o novo acordo ortográfico...já sou algo antiga!!!! Nem me atrevo nunca mais a emendar qualuqer tipo de ortografia a nenhum aluno...;-)