27 agosto 2011

O pequeno almoço na terra do Camponez, Cantanhede!

Normalmente as pessoas afastam-se das sua terra natal para procurarem uma vida melhor por ali e acolá. Na década de 60, 70 era o chamado exodo rural. E hoje talvez se chame assim também. Mas nestes tempos conturbados em que vivemos assistimos ao fenómeno oposto - o exodo urbano. Não quero mencionar aquela palavra que aparece em todos os notiários, metralhada resmas de vezes ao dia - a crise (já mencionei...está entranhada...) - , pois talvez seja a origem desta inversão de marcha. Adiante. Voltando ao primeiro exodo que mencionei. Os exodistas rurais depressa se esquecem das suas origens. Uns pelas circunstâncias da vida, outros porque têm, como dizer, algum constrangimento que são daqui ou dali. E penso que a ultima fatia seja a maior. Porém existem grandes excepções à regra. E uma delas é a de um senhor que é natural da Gândara, mais precisamente, de Cantanhede. De seu nome, Mário Camponez.

Para começar tem um grande orgulho no apelido que tem, o qual diz tudo. Foram donos de quase metade das terras do concelho. E o concelho é grande. Mas a história dos Camponezes fica para o blog dos Camponezes. Agora vou voltar ao assunto que aqui me trouxe, um pequeno almoço de férias na terra.

Ora o Camponez é daquelas pessoas que ama a sua terra natal. Mas ama mesmo. E tem prazer em lá ir visitar a familia e os conterraneos. E como é uma pessoa que já deu muito à terra (ora cá está mais um assunto a ser desenvolvido no tal blog de que falei...), é muito querido pelas pessoas que o viram crescer e se divertiram com ele. Pode-se dizer que é uma pessoa eclética. E crítica. Muito crítica. Subtilmente crítica. Humoristicamente crítica. Adoravelmente crítica. Querem ver como? Começemos por um simples pequeno almoço. A parte relativamente à cidade fica para o tal blog...

Já se contam alguns anos desde que o acompanho nestes pequenos almoços e noutras aventuras, porque somos os verdadeiros companheiros da caturrice, e quando nos dá para criticar, construtivamente, claro, somos piores que os velhinhos dos Marretas. Mas é de manhã, ao pequeno almoço, que o Camponez atinge o pico em matéria de relações publicas e humor sarcástico. Isto porque não se toma o pequeno almoço em casa. Ah sim! Já não basta andar com a mala térmica atrás o dia inteiro para o almoço e lanche, quanto mais agora o pequeno almoço. E não é da crise...são hábitos que se adquiriram muito antes dela...na Holanda!

Vou fazer o discurso indirecto deste senhor que aqui está sentado...


Saimos de casa por volta das 11. Não se vai à Pastelaria 5 de Outubro porque está repleta de bêbados e tem uma "godzila" à porta. Eu explico. Os bêbados que lá estão foram todos seus colegas de escola, da primária, mas as voltas que deram de lá até agora fez com que se entregassem ao vinho e à "bjeca". Têm todos um aspecto de sessenta anos, e sem dentes. Falam-lhe todos e alguns pedem-me um euro para o copo do meio dia. A "godzila" …é uma lontra ressabiada, dona do prédio onde está localizada a pastelaria, com ar de "camionista", mal cheirosa, feia, e pior que tudo, mal-criada. No inicio do ano descompôs o Camponez por ter deixado o carro meia dúzia de minutos à frente a metade do portão dela. A mulher dispara de dentro da pastelaria e arrasou-o! Uma verdadeira cena de alguidar. É muito ressabiamento...O que ela queria sei eu…coitada…gorda!!!! E agora desde que ele lá aparece comigo, a "godzila" ainda fica mais danada! Olha-me de lado...só rir! Por isso a pastelaria 5 de Outubro é de evitar. Vamos à Costa de Prata, a pastelaria da esquina oposta à 5 de Outubro. Eu tenho pena porque todo o recheio potencialmente super-glicémico da 5 de Outubro é de longe muito superior ao da Costa de Prata...mas compreende-se! E a afluência de pessoas é mais variada, gira, engraçada, sei lá!

Estamos então na Costa de Prata. Vai começar a odeisseia de cumprimentos ao Camponez. Mas também há aqueles que o conhecem mas não se atrevem a dirigir-lhe a palavra...algures no tempo não tiveram um comportmento desejável e o Camponez corta e corta mesmo! Ah Carneiro...Lol.

A primeira a chegar é a senhora da bicicleta Orbita azul turquesa. Esta:

(foi a unica foto que me atrevi a tirar...)

Esta senhora, que por acaso é da familia do cunhado do Camponez, passa o dia, ou pelo menos as manhãs, pendurada na sua orbita, mais os seus trezentos sacos, que vai enchendo por cada baiuca onde passa, e vai fazendo o "upgrade" das novidades da terra. Pode ser considerada o matutino cantanhedense. Normalmente não muda de roupa (pelo que vi nos ultimos 15 dias...) porque tem que manter a sua imagem de marca. À hora a que normalmente tomavamos o pequeno almoço, entre as 11h e as 11h45 (porque a malta está mesmo de férias...), a senhora já deveria ir no seu terceiro "round", porque numa dessas manhãs, ao sairmos de casa por volta das 10h, ela estava à porta da loja do r/c. Com certeza que chega ao fim do dia exaurida de tanto kilómetro ter percorrido e com a cabeça pronta para ser ligada ao Boa Nova. Uma usb humana. Na parte da tarde existe uma outra senhora, a vespertina, que faz o "upgrade afterlunch - happy hour tour"...pode ser vista no youtube...aqui!

Passado um bocado aparece outra senhora. A tia do Camponez. Irmã do pai do próprio. A senhora tem perto de noventa anos. E ainda canta, e bem. De imediato o Camponez e ela cantam uma canção antiga. De repente o Camponez repara no dedo da tia e vê um anel com uma foto minuscula. É a foto do defunto marido da senhora. A senhora diz que se sente mais livre e que sai mais de casa após a morte do marido. Quando a senhora se vai embora ele comenta "É incrivel, a minha tia foi tão mal tratada pelo marido e ainda traz a foto dele no dedo. É para não ser criticada...". A moral e os bons costumes portugueses...é como ir à missa...uma verdadeira fogueira de vaidades.

Logo de seguida passa outra senhora, a Mari Té! Uma prima do Camponez. Onze filhos, todos vivos, viúva. Nenhum filho a procura. De manhã está sóbria mas de tarde...a bicicleta vai aos SSSS! Olha para mim e diz que eu sou a filha dela, a Paula. Só acertou no nome! De repente começa a contar a mesma história de sempre...uma partilha mal feita entre ela e o irmão e a história da fotografia roubada...um trauma para a senhora. Uma figura. Mari Té porque as pessoas que faziam coisas que mais niguém fazia eram chamadas de "olha aquela é mesmo tété!".

Ao mesmo tempo entra no café o senhor que levou com um martelo na cabeça e ficou sem pescoço. Talvez seja por isso que vem sempre a falar ao telemovel, em frente à boca, em alta voz, mas baixinho. Vem num mercedes e tem figura de mafioso. É o irmão de um outro senhor que fez umas malvadezes a um familiar...ambos uns verdadeiros cromos. É dos que não falam ao Camponez porque o Camponez nem sequer lhes dá hipótese. Mas agora não me lembro bem porquê...eu depois actualizo !!!!

Do prédio da esquina oposta sai uma bicicleta. Nela vem pendurado o senhor da óstia e que o Camponez expulsou lá de casa. Porque o senhor tinha um comportamento menos próprio quando ía dar a óstia à mãe do Camponez, a senhora Dulcina (RIP), não com a senhora, mas com o Camponez. E um belo dia o Camponez fartou-se e, ante a admiração estupefacta de todas as senhoras presentes na omilia, o Camponez, entra por ali adentro e pergunta se não haveria mais ninguém para ir dar a óstia a sua mãe. O senhor disse que sim, admirado, e o Camponez disse "então a partir de hoje você não entra mais nesta casa!". O homem meteu o rabinho entre as pernas, as senhoras não vocifraram uma silaba sequer e a partir desse dia foi uma senhora que passou a ir dar a óstia à senhora Dulcina. Mai´nada. Claro que este é outro que nem se atreve a olhar para o Camponez, quanto mais a cumprimentá-lo.

Lá dentro estava a Cláudia Perpétua a beber café com umas pessoas. Ai...meu Deus...uma longa história. Mais precisamente, 30 anos de história. Mas que acabou estupidamente mal. O que é certo é que passados doze anos de comunicação interrompida, a Cláudia diz "Bom dia Mário". E o Camponez responde, admirado. Mas não passa daí. E diz "temos pena, mas não vale a pena voltar atrás!".

De repente chega uma familia, com um menino de 10 anitos, de olhos azuis, e um sorriso de orelha a orelha a olhar para o Camponez. Ahhh é o menino que nós vimos na casa da Agustinha Galvão acompanhado da avó que conhecia o Camponez de pequeno. O menino já tinha o Camponez adicionado no facebook e veio-se a saber que afinal a familia residia num apartamento do prédio em frente à casa do Camponez. A mãe do menino adora a musica que o Camponez põe a tocar em alto som, para alegrar a rua, que parece deserta. Parece uma cena dos discos pedidos.

Numa outra mesa está a Céu, uma amiga de infancia, linda na adolescencia, mas que agora está toda desgrenhada, mal vestida, com roupa que já ninguém usa, corada, e que parece que tem sessenta anos. Era uma menina a casa da qual o Camponez ía nas festas de anos comer uns bolos chamados gongonhanos: uma placa pão de ló de de ovos com farinha e açucar, cortada aos quadrados e caramelizada. O unico doce presente nas festas. Uma verdaderia pobreza. De vez em quando lá apareciam uns flans instantaneos. Mas divertiam-se e isso era o melhor. A Céu, que desperdicio de mulher!

Ao nosso lado senta-se a professora de dactilografia do secundário. Muito simpática. Uma verdadeira chaminé. Já deve estar reformada. Daquelas reforma de quase 3000 euros que já ninguém nesta profissão vai ter. Uma querida.

No meio disto tudo, que acontece num espeço temporal reduzido, uns 20 a 25 minutos, ouvem-se as conversas quase todas. E estas conversas vêm das novas gerações das familias dos suburbios de Cantanhede que decidiram ir viver para o centro da cidade para armar ao pingarelho. Mas como não se mudam os genes assim dum dia pró outro, o barulho que essas pessoas fazem a falar parece o som dos feirantes em dia de Feira de São Mateus, que já agora, diga-se de passagem, é girissimo e muito castiço, e é em meados de Setembro.

Como podem ver a pastelaria A Costa de Prata é um verdadeiro centro cosmopolita. E claro que ainda faltam muitas personagens que me escqueci de referir. Mas é muito mais giro ouvi-lo a relatar as histórias deste e daquele. Para a próxima levo uma mini gravador para não perder nem uma silaba!

Et voilá! É assim que começa o dia! Ainda há muito para dizer mas fica para o outro blog! E promete!

;-)

ps: peço muita desculpa mas não consigo escrever de acordo com o novo acordo ortográfico...já sou algo antiga!!!! Nem me atrevo nunca mais a emendar qualuqer tipo de ortografia a nenhum aluno...;-)

07 agosto 2011

BLOG BREDO...

Blog Regional do Enterior Desquecido e Ostracizado...
que tristeza...
ainda agora a ver a página inicial do facebbok vejo montes de pessoas a darem os parebéns à sara AIres pelos 10 anos do seu blog...ainda bem que o manteve vivo!
why? o que é que mudou tanto?
será que estou alienada no facebook? como mais 23456788765432 de pessoas? devo estar, só posso...
e eu até gostava de escrever...parece que me esqueci...e até tenho material para postar, ai se tenho...e já me deram uns atakes de pseudo escritora, mas chego aqui e sinto uma espécie de agonia, sem saber por onde começar...porque há nnnnnnnnnnn para contar, n bom, n menos bom, n assim assim...
parece que perdi a pica...
acho que foi por ter deixado de teclar com o senhor que me meteu nisto...
às vezes precisamos de ter uns motores de arranque...e eu ultimamente tenho precisado de uns bem fortes...
o facebook é o verdadeiro big brother...há lá gente que diz tudo, o que vai fazer para o jantar, a que horas acordou, enfim, nnn coisas...e isso não é muito normal...mas o que é normal? neste caso normal seria não precisarmos de um facebook para falar com pessoas...mas por outro lado até sabe bem porque vêm-se cenas giras, trocam-se fotos...a globalização...
mas...e os bloguinhos?
eu não queria que este blog morresse...
mas ninguém o lê...
só se eu a seguir a cada post o linkar no facebook...
acho que já devo ter escrito isto algures aqui no BLOG BREDO...
vou fazer mais um esforço...
venho aqui todos os dias escrever nem que seja uma frase...
ok
até amanha!!!

01 janeiro 2011

Dona Abastança

O Moedinhas mandou-me este poema...gosto, por isso o ponho aqui!

«A caridade é amor»
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.

Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»

Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.

O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.

Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.

Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.

Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.

Manuel da Fonseca

Publicação em destaque

Cansaço....

 ...tou cansada de tudo.....apetecia-me fugir DE TUDO! Não vale a pena contar... só mesmo indo ao psiquiatra!!!!